terça-feira, 9 de junho de 2009

EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, CULTURA E CONHECIMENTO NA LUTA PELA TERRA

Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica

Disciplina: Cognição e Aprendizagem

Prof.: Ana e Carlos

Ricardo José de Souza Silva[1]

KNIJNIK, Gelsa. Da Etnomatemática. In Educação Matemática, Culturas e conhecimento na luta pela terra. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006.

RESENHA CRÍTICA

A expressão Etnomatemática tem sua história vinculada ao Brasil. O primeiro a utilizar o termo foi Ubiratan D’Ambrósio, meados da década de 70. Foi precisamente em 1975, ao discutir, no contexto do Cálculo Diferencial, o papel desempenhado pela noção de tempo nas origens das idéias de Newton, que o educador se referiu à expressão citada. No Brasil, Eduardo Sebastiani Ferreira (1987, 1989, 1993, 1994ª, 1994b) foi o pioneiro em trabalho de campo na área, realizando e orientando investigações cujas pesquisas empíricas se desenvolveram em regiões da periferia urbana de Campinas-SP e em comunidades indígenas do ato Xingu e do Amazonas.

O texto contém inúmeras citações de trabalhos e pesquisas em torno da Etnomatemática, destacando-se o trabalho na área da psicologia cognitiva de Terezinha Nunes (1992), Analucia Schlieman e David Carraher, da UFPE, acerca da relação entre cognição e cultura.

O primeiro ponto a observar no texto diz respeito à contextualização. A Etnomatemática olha o desenvolvimento cognitivo, diverso, fora da escola. Talvez a primeira grande dificuldade na educação escolarizada seja descontextualizar e recontextualizar tais situações de aprendizagem para uma metodologia adequada de ação dentro da sala de aula tradicional.

Uma crítica inicial ao texto, apesar das referências e por entender que se trata de uma abordagem nova, é o fato do não aprofundamento de determinado estudo de caso ou pesquisa, na tentativa de explicitar melhor a proposta metodológica citada.

No desenvolvimento do texto encontramos diversas críticas encadeadas entre as apresentações das contribuições apresentadas, o que dificulta, a meu ver, a compreensão da dinâmica implícita no envolvimento das atividades destacadas.

É muito importante a citação da contribuição à área de Educação Matemática dos pesquisadores da UFPE, no campo da Psicologia Cognitiva, mas sinto a ausência de detalhamento e aprofundamento, tornando o texto mais uma referência indicada para pesquisa, com pouca utilização pelos professores interessados em iniciar experiências dentro da abordagem central do texto.

Além dos destaques feitos aos estudos de Carraher, Schlieman, ressalta também os de Lave (1988), ao que diz respeito não apenas às questões de contexto e transferência, mas às críticas aos propósitos e ao tipo de abordagem feita pelos estudos comparativos entre práticas formais e informais. A pesquisadora argumenta que ao “nos concentrarmos somente nos aspectos cognitivos das performances, falhamos em considerar certos aspectos centrais sobre o modo pelo qual a opressão é “experienciada”, (Walkerdine, 1990, p.51).
A Etnomatemática, segundo o autor, vem assumindo papel importante nos estudos feitos na área de Educação Matemática, ao citar congressos e publicações importantes nos anos 80, inclusive tendo um momento do texto dedicado à gênese do seu conceito. Os aspectos metodológicos são focalizados na: geração, organização intelectual e social, a institucionalização e a difusão do conhecimento.


Para D’Ambrosio (1990, p.7) a Etnomatemática tem um enfoque abrangente, permitindo que sejam consideradas categorias profissionais específicas, em particular pelos matemáticos, a Matemática Escolar, a Matemática presente nas brincadeiras infantis e a Matemática praticada pelas mulheres e homens para compreender sua capacidade de sobrevivência.

A grande questão apresentada no texto diz respeito sobre a universalidade da Matemática produzida pela academia, a qual não o pode ser dissociada da cultura. Isto posto pela Etnomatemática acerca do conhecimento matemático acadêmico como uma das possíveis formas de saber.

De um modo geral, o texto se apresenta sob diversas perspectivas e em alguns momentos tornando-se fonte de “instigação” para o pesquisador, ao mesmo tempo em que o não aprofundamento de algumas situações citadas dificulta a apresentação da idéia central. Como referência para desencadear outras leituras pode auxiliar, mas como referência para investigações metodológicas, acredito necessitar de complemento.

[1] Mestrando em Educação Matemática e Tecnológica – UFPE 2009.1

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