quarta-feira, 5 de março de 2008

Gestão Educacional e Tecnologia

COSTAS, José Manoel Moran; ALONSO, Myrtes; MASETTO, Marcos T.; VIEIRA, Alexandre Thomaz; ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de; ALONSO, Myrtes. Gestão Educacional e Tecnologia. São Paulo: Avercamp, 2003.

ALONSO, Myrtes – CAP I, pg. 25 a 31

Para falar sobre gestão escolar no contexto educacional, necessitamos considerar o modelo de escola atual, do ponto de vista estrutural, organizacional e funcional, inserido numa “sociedade pós-industrial”, mais exigente e que traz novas demandas emergentes do desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação.

Com o advento da Revolução Tecnológica encontramos uma sociedade totalmente diversa, apresentando características que em nada se assemelham às do passado:
- não existem verdades absolutas
- o ambiente é instável, situações e problemas imprevisíveis, as soluções precisam ser rápidas
- a competitividade é intensa
- é preciso “saber fazer “
- repensar a função da escola, em não ser transmissora ou reprodutora de informações
- aprender e incentivar o trabalho em grupo, estimular a cooperação e colaboração
- trabalho em articulação com a sociedade (contexto social)

Os meios de produção e serviço na sociedade do conhecimento pressupõem que os profissionais sejam mais qualificados e capazes de assumir responsabilidade, tomar decisões, buscar soluções para problemas que ocorrem no processo de produção e não foram pensados anteriormente. Novas competências são exigidas.

A escola passa a ter, então, um papel mais efetivo com relação à sua função social e formativa. Os atores, agora, precisam agir de acordo com as reflexões e considerações, advindas das percepções das necessidades e prioridades diagnosticadas por equipes ou grupos que estão próximos das situações que requerem decisão eficaz e rápida.

Há uma exigência de habilidades especiais que são desenvolvidas a partir da capacidade de aprender a aprender, que deveria constituir o objetivo de todo o trabalho pedagógico, a qual será necessária para o desenvolvimento de novas idéias e soluções.

A educação terá de orientar-se para a formação de pessoas conscientes e críticas, que participem ativamente do social; portanto, pessoas capazes de definir as próprias necessidades de aprendizagem e conhecimento.
Nessa perspectiva, os conteúdos precisam ser contextualizados com os problemas que estão sendo vivenciados pelos alunos. Isso significa modificar as bases pedagógicas e estruturais/organizacionais que sustentam a escola atual, onde os conteúdos são "passados" para os alunos de maneira fragmentada, hierarquizada em uma ordem crescente de complexidade, de acordo com o modelo fordista-taylorista em que se inspirou.

As mudanças introduzidas pelos sistemas de ensino, na tentativa de responder aos novos desafios, não têm sido satisfatórias tanto em termos da formação dos professores como da preparação dos dirigentes. Em grande parte porque os programas de formação de educadores têm se mantido fiéis à concepção do ensino como atividade instrumental, decorrente de uma fundamentação teórica estribada nas Ciências Sociais Humanas e na aplicação de princípios formulados com base nesse conhecimento, separando a teoria da prática. Por outro lado, esses cursos ainda não incorporaram o uso das tecnologias da informática e da telecomunicação como recursos para ampliar o acesso à informação e para favorecer a criação de ambientes de aprendizagem que enfatizem a construção de conhecimento.

A escola precisa se renovar e priorizar o processo pedagógico. A transformação que se busca necessita uma nova visão: mais criativa, participativa, ética, democrática e tecnologicamente mais exigente.

A escola precisa oferecer condições adequadas de trabalho e proporcionar autonomia aos professores, enquanto gestores do processo educativo. O conceito de trabalho cooperativo e colaborativo deve ser continuadamente trabalhado em parceria com a comunidade educativa e a sociedade.

VIEIRA, Alexandre Thomaz – CAP II, pg. 40 a 50, CAP III, pg. 55

A grande maioria das instituições de ensino ainda estão fortemente impregnadas de ações e concepções do racionalismo científico. As aulas de 50 minutos, o pensar e o fazer dissociados, professores e coordenação/direção não compartilhando os mesmos objetivos, as salas com carteiras enfileiradas, a concepção de disciplina com classes em total silêncio, as relações de troca e o individualismo entre professores, ou seja, a estrutura organizacional da escola ainda não mudou, ou melhor, mudou muito pouco, na tentativa de superar seu passado de reprodução acrítica das relações socioeconômicas existentes.

As concepções de gestão praticadas nas escolas brasileiras, segundo Libâneo (2001), são apontadas na forma de duas categorias principais:

Concepção da administração técnico-científica: a organização escolar é vista como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que funciona racionalmente. Assim pode ser planejada, controlada e avaliada de forma a alcançar os melhores índices de eficiência.

Concepção de gestão simbólico-interpretativa: a organização social é compreendida como resultado da interação e do entendimento construído entre as pessoas, pela vivência compartilhada de momentos e de experiências comuns.

As organizções escolares nessa concepção são percebidas como sistemas que agregam pessoas, cujos pontos mais importantes são as intencionalidades e as interaões sociais que acontecem entre elas.
Principais instrumentos de gestão escolar: planejamento, organização, execução, avaliação, comunicação e formação continuada.

O desenvovimento de uma estrutura organizacional adequada, que facilite adaptações rápidas, assim como o desenvolvimento de uma cultura favorável à mudança são condições necessárias para que a escola possa se transformar continuamente.

Perfil do gestor escolar, a partir das modificações no ambiente interno e externo à escola, segundo Libâneo (2001):
. capacidade de trabalhar em equipe
. capacidade de gerenciar um ambiente cada vez mais complexo
. criação de novas significações em um ambiente instável
. capacidade de abstração
. manejo de tecnologias emergentes
. visão de longo prazo
. disposição para assumir responsabilidade pelos resultados
. capacidade de comunicação
. improvisação (criatividade)
. disposição para fundamentar teoricamente suas decisões
. comprometimento com a emancipação e a autonomia intelectual dos funcionários
. atuação em função de objetivos
. visão pluralista das situações
. disposição para cristalizar suas intenções
. conscientização das oportunidades e limitações

A implementação de transformações mais profundas na escola, que possibilitem uma melhor adequação às novas demandas sociais, proporcionando uma educação de qualidade, requer alteração na concepção de gestão das organizações escolares.

MASETTO, Marcos T – CAP IV, pg. 71

Cultura educacional do gestor: conjunto de princípios, de teorias, de experiências educacionais que foram vivienciadas pelo gestor ao longo de sua vida e que hoje são assumidas por ele em sua atividade profissional.

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de – CAP VII, pg. 113 a 120

Tecnologias e Gestão do Conhecimento na Escola

A articulação da escola com outros espaços produtores do conhecimento poderá resultar em mudanças substanciais em seu interior e redimensionar seu espaço, criando possibilidades de torná-lo aberto e flexível, propiciando a gestão participativa, o ensino e a aprendizagem em um processo colaborativo, no qual professores e alunos trocam informações e experiências com as pessoas que atuam no interior da escola ou com outros agentes externos e produzem conhecimento

As TICs podem auxiliar na formação continuada dos professores, onde se articula a realidade da escola com o domínio dos recursos tecnológicos e sua prática profissional.
Tais tecnologias podem ser incorporadas na escola para: comunicação entre educadores, pais, especialistas, membros da comunidade e de outras organizações.

Atividades de formação de professores para o uso pedagógico das TICs têm se desenvolvido na modalidade de formação em serviço contextualizada na realidade da escola (Prado & Valente, 2002) e na prática do professor, o que constitui um avanço em termos de formação continuada.

Tecnologias de Informação e Comunicação e Gestão Escolar

Mobilização de todo o pessoal escolar, cujo apoio e compromisso para com as mudanças envolvidas nesse processo não se limitam ao âmbito estritamente pedagógico da sala de aula, mas se estendem aos diferentes aspectos envolvidos com a gestão do espaço e do tempo escolar, com a esfera administrativa e pedagógica. Daí observa-se a importância da formação de todos os profissionais que atuam na escola, fortalecendo o papel da direção na gestão das TICs e na busca de condições para o seu uso no ensino e aprendizagem, bem como na administração e na gestão escolar.

O papel do gestor não é apenas o de prover condições para o uso efetivo das TICs em sala de aula e, sim, que a gestão das TICs implica gestão pedagógica e administrativa do sistema tencológico e informacional, na qual o diretor tem um papel fundamental como agente mobilizador e líder da escola.

A incorporação das TICS na escola e na prática pedagógica não pode se restringir à formação dos professores, mas deve voltar-se também para a preparação de dirigentes escolares e seus colaboradores, propicioando-lhes um domínio dos recursos dessa tecnologia que possa auxiliar na gestão escolar e, simultaneamente, provocar a tomada de consciência sobre as contribuições dessa tecnologia ao ensino e aprendizagem.

Observa-se a disponibilidade de ambientes virtuais para a criação de comunidades colaborativas, que apresentam um forte potencial para aglutinar informações, recursos tecnológicos, especialistas, formadores e educadores em torno de atividades que permitam trilhar novos caminhos.

Cria-se, assim, um ambiente de formação para que o diretor escolar possa analisar e recosntruir seu papel frente às responsabilidades que lhe cabem como líder da instituição. Além de gestor do projeto político-pedagógico, construído coletivamente com sua comunidade, é também responsável pela criação de uma nova cultura, que incorpore as TICs às suas práticas técnico-administrativas e pedagógicas.

AVA e a formação de Educadores

AVA: sistemas computacionais destinados ao suporte de atividades mediadas pelas TICs e por um professor-orientador.

Integram múltiplas mídias e recursos, apresentando informações organizadas, proporcionando interação entre pessoas e objetos do conhecimento, possibilita a socialização,colaboração e cooperação.

O gerenciamento desses ambientes diz respeito a diferentes aspectos, destacando-se a gestão das estratégias de comunicação e mobilização dos participantes, a gestão da participação dos alunos por meio do registro das produções, interações e caminhos percorridos, a gestão do apoio e orientação dos formadores aos alunos e a gestão da avaliação.

Os AVA permitem aos participantes colaborar, trocar informações, discutir temáticas, trocar experiências, desenvolver atividades colaborativas.
Podem ser utilizados em atividades presenciais, semi-presenciais e à distância.

REF ADD.:
HATCH, M. J. Organization theory: modern, symbolic and postmodern perspectives. Oxford: University Press, 1996
LIBÂNEO, J. C. Organização escolar: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2001

Recife, 05.12.2007, por Ricardo Silva

Saberes Docentes e Formação Profissional

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

Atualmente as exigências sobre o trabalho do docente enfatizam a necessidade de se estabelecer novos parâmetros para sua formação, planejamento das atividades de ensino e organização do trabalho.
Há a necessidade de o professor tornar-se um profissional da pedagogia, capaz de lidar com inúmeros desafios de educar em todos os níveis de ensino.

É fundamental, então, que o estudo da pedagogia situe-se no contexto mais amplo da análise do trabalho do professor. Não se deve perder a referência do que é a escola, sua função e as condições de exercer as suas atividades com coerência, objetividade e eficácia.

Os docentes são atores importantes neste cenário e deve ser considerada sua importância como articulador do processo de ensino e aprendizagem. A seguinte definição provém de uma reflexão sobre o material de pesquisa referente ao trabalho dos professores:
“A pedagogia é o conjunto de meios empregados pelo professor para atingir objetivos no âmbito das interações educativas com os alunos. Noutras palavras, do ponto de vista do trabalho, a pedagogia é a “tecnologia” utilizada pelos professores em relação ao seu objeto de trabalho (os alunos), no processo de trabalho cotidiano, para obter um resultado (a socialização e a instrução).

O trabalho humano corresponde a uma atividade instrumental. Um processo de trabalho pressupõe a presença de uma tecnologia através da qual o objeto ou situação são abordados, tratados e modificados. Não existe, portanto, trabalho sem técnica, não existe objeto do trabalho sem relação técnica do trabalhador com esse objeto. Segunda (Laughlin, 1989), toda atividade humana comporta certa dimensão técnica. Ensinar é desencadear um programa de interações com um grupo de alunos, a fim de atingir determinados objetivos educativos relativos à aprendizagem de conhecimentos e à socialização.

Quando ensinamos, ao contrário do que percebemos na necessidade de ampliar objetivos, interpretamo-los, adaptamo-los e transformamo-los de acordo com as exigências da situação do trabalho.

Do ponto de vista do trabalho docente, a pedagogia é uma tecnologia que exige dos pedagogos e educadores em geral recursos interpretativos relativos às próprias finalidades da ação.

A pedagogia corresponde a uma atividade construtiva e interpretativa ao mesmo tempo: os professores precisam interpretar os objetivos, dar-lhes sentido em função das situações concretas de trabalho e, ao mesmo tempo, conceber e construir as situações que possibilitem sua realização.

Com relação às tecnologias educativas dos professores, os saberes científicos e de formação do docente não podem fornecer aos professores respostas precisas para o “como fazer”. Na maioria das vezes o professor precisa tomar decisões e desenvolver estratégias de ação em plena atividade, sem poderem se apoiar num “fazer saber” técnico-científico que lhes permita controlar a situação com toda a certeza.

Recife, 14.12.2007, por Ricardo Silva

Alfabetização Tecnológica do Professor

LEITE, Lígia Silva; SAMPAIO, Marisa Narcizo. Alfabetização tecnológica do professor Petrópolis: Vozes, 1999.

Durante séculos a alfabetização tem sido fator de socialização no mundo e interpretação deste, hoje se torna cada vez mais importante uma alfabetização audiovisual (Demartini, 1993), uma educação para a mídia (Belloni, 1991), enfim, uma alfabetização tecnológica para interpretação e ação crítica junto às novas tecnologias e formas de comunicação.

O professor precisa se preparar, enquanto atualização e formação profissional, para utilizar pedagogicamente as tecnologias na formação de cidadãos produtores e intérpretes das linguagens do mundo atual e futuro.
Alfabetização tecnológica tem relação direta com o domínio crítico da linguagem tecnológica, não apenas mecânica.

O uso das tecnologias deve ser contextualizado com as necessidades sócio-culturais do aluno, como indicam os PPPIs institucionais.

A formação do educador deve levar em consideração a análise e compreensão da realidade, evitando assim práticas dissociadas do dia-a-dia do aluno e da escola.

Ao trabalhar com os princípios da TE, o professor estará criando condições para que o aluno, em contato crítico com as tecnologias da/na escola, consiga lidar com as tecnologias da sociedade sem ser por elas dominado. Isso só será concretizado quando o professor dominar o saber relativo às tecnologias, tanto em termos de valorização e conscientização da sua utilização (ou seja, porque e para que utilizá-las) quanto em termos de conhecimentos técnicos (ou seja, como utilizá-las de acordo com a sua realidade).

A escola é responsável pela educação de crianças e jovens, deve trabalhar com objetivos e meios que ajudem a formar nos alunos uma lógica e uma percepção capazes de levá-los a participar na construção de uma sociedade que produza e utilize as tecnologias de forma mais crítica e democrática. O conceito de alfabetização tecnológica do professor refere-se ao conjunto de tecnologias existentes na sociedade e com as quais as pessoas tem contato assistemático.

A alfabetização tecnológica do professor pode ser entendida como um conceito que envolve o domínio contínuo e crescente das tecnologias que estão na escola e na sociedade, mediante o relacionamento crítico com elas. Este domínio se traduz em uma percepção global do papel das tecnologias na organização do mundo atual e na capacidade do professor em lidar com as diversas tecnologias, interpretando sua linguagem e criando novas formas de expressão, além de distinguir com, quando e por que são importantes e devem ser utilizadas no processo educativo.

A utilização das tecnologias na sala de aula só auxiliará o desenvolvimento de uma educação transformadora se for baseada em um conhecimento que permita ao professor interpretar, refletir e dominar criticamente a tecnologia.

Add. Ref.: BELLONI, Maria Luiza. Educação para a mídia: missão urgente na escola.
COSTA, Marisa C. V. A dissociação entre teoria e prática na formação do professor.
DRUCKER, Peter F. Tecnologia, gerência e sociedade.

Recife, 15.12.2007, por Ricardo Silva

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