terça-feira, 9 de junho de 2009

A INTERAÇÃO DE CRIANÇAS E O DESENVOLVIMENTO DAS COMPREENSÕES LÓGICO-MATEMÁTICAS: UMA NOVA ESTRUTURA PARA A PESQUISA E A PRÁTICA EDUCACIONAL

Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica

Disciplina: Cognição e Aprendizagem

Prof.: Ana e Carlos

Ricardo José de Souza Silva[1]

SAXE, Geoffrey; GEARHART, Maryl; NOTE Mary e PADUANO, Pamela. A interação de crianças e o desenvolvimento das compreensões lógico-matemáticas: Uma nova estrutura para a pesquisa e a prática educacional. In Daniels, Harry. Vygotsky em foco: Pressupostos e desdobramentos. Campinas: Papirus, 1994.

RESENHA CRÍTICA

As interações entre crianças desempenham um papel importante no desenvolvimento cognitivo. Esta afirmação é o ponto de partida para os autores abordarem outras contribuições acerca da temática, apresentando um modelo proposto por Saxe (1991a).

O desenvolvimento do texto se dá em três partes: o resumo da estrutura de Saxe, o relacionamento desta estrutura com outras pesquisas empíricas e o planejamento de novas práticas educacionais a partir desta base estrutural.

Na primeira parte, a estrutura é apresentada, destacando que apesar das argumentações dos de Piaget e Vygotsky, quanto ao processo de construção de novas compreensões e de processos dialéticos específicos, nenhum deles concebeu a interação de processos socioculturais e desenvolvimento de modo adequado aos estudos empíricos, sem assim, contribuir para a análise do papel das interações de crianças em processos localizados do desenvolvimento cognitivo.

Os autores apresentam uma pesquisa com crianças vendedoras de doces no nordeste do Brasil, Saxe (1989, 1991a), onde se descobriu que os mesmos apresentavam uma matemática interessante, diferente daquela aprendida na escola. Neste caso é utilizada a abordagem de Saxe, que tem como pressuposto central a concepção de que os desenvolvimentos conceituais das crianças estão entrelaçados com as atividades que desenvolvem com o propósito consciente de alcançar uma finalidade. A estrutura de Saxe tem por base três componentes: 1. formação de objetivos; 2. desenvolvimentos cognitivos; 3. influência recíproca.

O primeiro componente de Saxe, dos objetivos emergentes, baseia-se na abordagem de Vygotsky para compreender como os objetivos cognitivos das crianças mudam e tomam forma em suas práticas cotidianas. Saxe desenvolveu novas categorias analíticas para representar o processo dinâmico da formação de objetivos localizados e, para tanto, apresenta uma situação no contexto das crianças vendedoras de doces. O modelo de Saxe dos quatros componentes de objetivos emergentes: estruturas da atividade, interações sociais, convenções artefatos e compreensões prévias.

Ficou evidente que as interações de crianças e os objetivos emergentes dos vendedores estão ligados à organização econômica. Os artefatos e convenções da prática também influenciam a forma que assumem as interações e, por meio delas, os objetivos que emergem em interações de crianças estão inerentemente ligados às compreensões prévias das crianças. Por fim, as interações sociais são processos dinâmicos nos quais os objetivos, freqüentemente, mudam e tomam forma.

Na parte final do texto é apresentada uma resenha de trabalho empírico sobre interação de crianças, a qual pode servir de apoio para situações de ensino. Destacam-se os seguintes pontos: a. a formação de objetivos no contexto das pesquisas existentes; b. a aprendizagem cooperativa com a manipulação de estruturas de atividade para influenciar a motivação e o desempenho no aluno; c. a solução colaborativa de problemas, analisando o conflito sócio cognitivo; d. as implicações do modelo de objetivos emergentes de Saxe na abordagem de solução colaborativa de problemas.

Os autores apresentam diversas situações ilustrativas para abordar o modelo de Saxe e suas relações com a teoria de Vygotsky. Acredito que o texto pode servir de apoio à atividade de ensino da matemática, inclusive como norteador para pesquisas investigativas sobre a interação e o desenvolvimento da compreensão lógico-matemático de crianças.

[1] Mestrando em Educação Matemática e Tecnológica – UFPE 2009.1

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